Armas - O que fazer com elas?
Não é difícil imaginar uma situação assim: uma família  está em casa,  reunida em frente à televisão, assistindo à novela das 8. Assaltantes  invadem a cena corriqueira aos gritos e informam que vão matar todo  mundo sem dó. Tem o dono da casa o direito de usar uma arma de fogo para  salvar a família e o patrimônio? Essa é uma pergunta que não tem  resposta fácil. Pelo contrário: abre as portas para um debate sem  consenso possível.
 De um lado, a turma pró-armas enxerga revólveres como instrumentos de  defesa, indispensáveis para a sociedade. Do outro, os defensores do  desarmamento civil afirmam que cenas como a descrita acima têm mais  chances de acontecer numa sociedade mais armada. Não espere um acordo  entre os dois times na duração de sua vida.
 Nenhum dos lados detém o monopólio das vidas que poderiam ter sido  salvas se a lei que regulamenta posse, porte e comércio de armas fosse  diferente. Está cheio de gente que morreu porque elas são frouxas demais  – em brincadeiras de crianças com o revólver do pai, em briguinhas  familiares que viraram massacres, em discussões de trânsito que saíram  do controle. Muita gente morreu também porque as leis são duras demais –  as vítimas de assaltos covardes, de seqüestros brutais. Cada uma dessas  histórias – e há milhões – é uma tragédia do tamanho do mundo, que  torna difícil encarar o assunto com a frieza e a racionalidade que ele  merece. É o que esta reportagem vai tentar fazer: olhar por cima das  paixões para discutir dados e argumentos. E, assim, tentar ajudar a  responder algumas perguntas. Vamos à primeira delas.
 O que diz a nova lei?
 Em outubro de 2005, todos nós brasileiros vamos ser obrigados a nos  meter nesse vespeiro. O Estatuto do Desarmamento, aprovado pelo  Congresso e sancionado pelo presidente em dezembro do ano passado, prevê  uma consulta popular sobre os rumos da legislação que regulamenta o  comércio de armas no país. Você vai ter que decidir, nas urnas, se os  civis terão ou não o direito de comprar revólveres. O porte já está  proibido (só para esclarecer, posse significa ter um revólver e porte  corresponde a andar com a arma por aí).
 Com a violência batendo recordes, não é uma escolha fácil. O Brasil é  o país onde mais se mata a tiros no mundo. Com só 2,8% da população  mundial, somos donos de 11% dos homicídios por arma de fogo do planeta.  Nossas estatísticas de pessoas feridas por revólveres e afins atingem  absurdos 247,15 para cada 100 mil habitantes. Quer dizer que um a cada  400 brasileiros já tomou um tiro. Segundo estudo da ONU, os brasileiros  correm quatro vezes mais risco de morrer assassinados que a média  mundial.
 A nova lei tem um alvo muito claro: banir as armas de fogo. Ou, pelo  menos, reduzir o número de armas em circulação. Pela sua lógica, quanto  menos revólveres nas mãos da população, mais chances de a taxa de  homicídios cair. Atualmente, segundo estimativas (pouco confiáveis) da  Polícia Federal, existem cerca de 20 milhões de armas espalhadas país  afora e somente 7 milhões têm registro. O objetivo do Estatuto,  portanto, é tarefa difícil – proibir o que já é clandestino. Mesmo os  mais entusiasmados com as mudanças na legislação admitem que não será  possível observar um efeito imediato na violência. Mas a longo prazo,  defendem, o resultado será sensível.
 O Estatuto do Desarmamento ataca em várias frentes. A maioria das  medidas mira no cidadão comum para acertar nos criminosos. A que mais  causou polêmica já está em vigor e diz respeito ao porte de armas. Sair  por aí com um revólver, mesmo que ele jamais deixe seu bolso, virou  crime. E mais: se a arma estiver em situação ilegal, é crime  inafiançável (como homicídio, estupro ou tráfico de drogas). O porte  continua lícito só para caçadores credenciados, policiais e  guardas-civis de cidades com mais de 250 mil habitantes. "Com o porte  proibido, a polícia tem mais uma forma de identificar bandidos. Quem  estiver armado na rua está, certamente, mal-intencionado", afirma Denis  Mizne, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, um dos mais fortes  braços da campanha desarmamentista.
 Outra medida que vem sacudindo os ânimos proíbe a compra de armas por  civis. Essa não está em vigor, mas vira lei se assim a população  decidir em outubro de 2005. "Isso é inconstitucional. Fere o direito de  propriedade", argumenta o advogado Antônio Carlos Garcia, da diretoria  da Apaddi (Associação Paulista de Defesa dos Direitos e das Liberdades  Individuais, uma organização pró-armas ligada a um clube de tiro). Na  opinião de grupos desarmamentistas, no entanto, a proibição da compra  por civis é certeira no combate ao crime. "Sabemos que as armas que são  vendidas legalmente caem na clandestinidade com o passar do tempo. Claro  que criminosos não compram armas em lojas. Mas compram ou roubam armas  que foram compradas em lojas", afirma o sociólogo Guaracy Mingardi,  coordenador de pesquisas do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas  para a Prevenção do Delito e Tratamento ao Delinqüente (Ilanud).
 Mais três pontos da nova lei merecem destaque. O primeiro é o aumento  das exigências para se comprar uma arma. Agora, o comprador precisa ser  maior de 25, possuir ficha limpa na polícia, fazer curso de tiro e  passar por teste psicológico. Antes eram 21 anos e não precisava nem de  curso nem de teste, só da ficha limpa. A segunda medida é a legalização  de armas clandestinas. Quem possui uma arma sem registro e quer entrar  na linha para não virar criminoso tem que procurar a polícia e preencher  os mesmos requisitos de quem compra um revólver novo. O último ponto é o  endurecimento contra o comércio ilegal de armamentos. O contrabando de  armas passou a ser considerado tráfico, com pena de até 12 anos de  prisão. Os desarmamentistas comemoram. "Antes contrabandear arma ou  laranja era a mesma coisa aos olhos da Justiça", diz Antônio Rangel  Bandeira, do Viva Rio, a primeira ONG a levantar a bandeira contra as  armas.
 Liberdade individual ou segurança pública?
 Por trás dessa discussão toda está uma questão filosófica  fundamental. O filósofo alemão Max Weber (1864-1920) foi o primeiro a  identificar a monopolização da força pelo Estado. Weber disse que, para  viver sob a tutela social, seria obrigação de cada um abdicar do direito  de resolver conflitos na porrada – com armas, por exemplo. Por outro  lado, a liberdade individual é algo que sempre vem à tona quando a  sociedade se sente ameaçada diante da repercussão de um crime brutal e  se coloca em discussão a capacidade dos governos de garantir a  segurança. No Brasil, onde a população não apenas desconfia da polícia,  mas também tem medo dela, isso é ainda mais exacerbado. Em 2001, o setor  privado investiu 70 bilhões de reais em segurança, quase o dobro dos  gastos públicos, de 37 bilhões de reais. Se o Estado não garante a  segurança, ele pode privar o cidadão de fazê-lo?
 Na opinião do filósofo Luís Afonso dos Santos, autor do livro  antidesarmamentista Armas de Fogo – Cidadania e Banditismo, o direito à  legítima defesa é inquestionável. Se a lei brasileira dá ao cidadão a  prerrogativa de reagir para salvar a vida, a família e suas  propriedades, não poderia tirar das pessoas seu instrumento mais eficaz:  as armas. "A obrigação de se defender é do cidadão. O Estado deve ter  uma função subsidiária, com patrulhamento ostensivo e polícia judiciária  competente para apurar responsabilidades em crimes", diz Luís Afonso.  "Vale lembrar que todas as ditaduras suprimem do cidadão o direito de se  defender, enquanto as democracias, com exceção da Austrália, do Japão e  da Inglaterra, garantem o direito das pessoas de possuir armas",  afirma.
 Na outra ponta do debate, as armas são apontadas como insumo do  crime. "Já que não é possível controlar o crime em si, a saída é  controlar a arma que vai facilitar e agravar as conseqüências desse  crime. Leis antiarmas são uma forma de ação do Estado contra a  violência", afirma Guaracy, do Ilanud.
 Um ponto está muito claro na discussão. O grupo desarmamentista põe  todas as suas fichas em uma proposta coletiva. Para eles, com a  proibição das armas, a longo prazo, todo mundo ganharia. Já o bloco  pró-armas tem como carro-chefe um direito absolutamente individual, o da  legítima defesa. Ou seja, cada um tem que garantir o seu, pelo bem de  todos.
 Armas trazem segurança ou perigo?
 Tem gente que morre porque reage. Tem gente que sobrevive pelo mesmo  motivo. Casos representativos de ambas as situações não faltam. Quem  defende o desarmamento geralmente se apóia em estatísticas. Segundo  pesquisa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP),  quando tenta se defender com uma arma de fogo, a pessoa corre 57% mais  perigo de morrer ou se ferir em um assalto do que se não reagisse. O  estudo da SSP-SP analisou todos os latrocínios ocorridos ao longo de  2000 na capital paulista para chegar a tal conclusão.
 O bloco do larguem-as-armas atribui a ineficácia da reação ao que  chamam de "efeito-surpresa", tese defendida por Arthur Kellermann, um  médico especializado em violência que criou na cidade americana de  Atlanta um Centro de Controle de Ferimentos. Kellermann diz o seguinte:  ninguém costuma estar com o revólver em punho quando é abordado por um  criminoso – e a simples menção de acessar a arma desencadeia a  contra-reação do agressor. O resultado seria, então, um bangue-bangue.  Mas com o mocinho em desvantagem, porque sacou depois. Segundo  Kellermann, pessoas que reagem usando uma arma se arriscam três vezes  mais a levar um tiro.
 Para rebater o "efeito-surpresa", a trupe pró-armas hasteia a  bandeira do "efeito da dissuasão". A tese de que o simples fato de ter  revólver afugenta bandidos é o mote do best seller More Guns, Less Crime  ("Mais Armas, Menos Crimes", esgotado no Brasil), bíblia dos defensores  das armas, escrito pelo jurista John Lott, da Universidade de Chicago.  Lott traduz em números o conceito. "Em entrevistas com prisioneiros de  dez penitenciárias dos Estados Unidos, 56% afirmaram que não atacariam  uma vítima que eles soubessem estar armada. Bandidos calculam riscos,  assim como qualquer pessoa que faz um negócio", diz. "No Canadá e na  Inglaterra, países com leis rígidas contra armas, quase metade dos  arrombamentos a residências é de risco – ou seja, com a família dentro  da casa. Nos Estados Unidos, onde as leis são menos restritivas, somente  13% são arrombamentos de risco", diz Lott. Ou seja: ele acha que, num  país com mais armas, os ladrões não se arriscarão tanto a ficar  invadindo as casas dos outros. Desarmamentistas retrucam a esse  argumento lembrando que os Estados Unidos têm muito mais crimes  violentos do que Canadá e Inglaterra.
 Mas os pró-armas também têm respostas aos argumentos anti-armas. O  presidente da Forjas Taurus, maior fabricante de armas no Brasil, Carlos  Murgel, afirma: "Quando uma pessoa escapa de um bandido – atirando para  cima ou sacando uma arma –, dificilmente vai à delegacia registrar. Só  vira estatítica quem sai lesado. Estatísticas que demonstram a  ineficácia da reação armada têm que ser analisadas com cuidado".  Estatísticas, portanto, são instrumentos úteis para entender o problema.  Mas cada lado do debate usa esses instrumentos como convém.
 Por que tanta gente defende o direito de se armar?
 O sentido de se possuir uma arma varia de pessoa para pessoa – e,  claro, de situação para situação. Por trás do afã armamentista, no  entanto, existe um sentimento comum a todos os seres humanos: o medo. O  escritor americano Barry Glassner fala disso no best seller Cultura do  Medo, que inspirou o filme Tiros em Columbine, de Michael Moore. O livro  e o filme mostram que, nos Estados Unidos, disseminar a insegurança  virou um negócio lucrativo. Boa parte da imprensa vive disso, faturando  com reportagens sobre crimes violentos. E isso gera uma sensação de  insegurança na sociedade. Essa sensação instaura um pânico maior que a  própria realidade. E, em pânico, enxerga-se nas armas um jeito de se  salvar a pele.
 No caso do Brasil, recordista em homicídios, não se pode negar que o  medo encontra respaldo nos fatos. Mesmo aqui, a teoria da existência de  uma crise coletiva de pânico que cria a necessidade de possuir uma arma  faz sentido. "A taxa de homicídios cresceu muito nos anos 80. E, de  meados da década de 90 para cá, estabilizou. Em um patamar alto, mas  estabilizou", afirma Ignacio Cano, pesquisador do Instituto Superior de  Estudos da Religião (Iser) e um dos principais especialistas em  violência no Rio. "Contudo, o medo agora é maior do que há dez ou 15  anos", diz ele.
 Em comparação com os Estados Unidos, somos um país desarmado. Lá, há  240 milhões de armas de fogo em circulação. Aqui, a estimativa é de 20  milhões. Para Glassner, porém, existe uma fórmula mundial, que independe  de fatores econômicos, culturais ou sociais: "Não conheço a realidade  do Brasil. Mas posso dizer que, de maneira geral, o aumento do número de  gente armada cria o que chamo de círculo de medo e violência. Quando  uma pessoa sabe que muitas outras têm armas, tende a ficar temerosa e a  desejar também uma arma". Boa parte dessas armas termina nas mãos de  crianças e adolescentes – ou acaba envolvida em disputas pessoais. "O  resultado desses incidentes, somados aos crimes comuns envolvendo  revólveres, cria mais medo. E mais medo aumenta o desejo de se possuir  uma arma", afirma. Ou seja, Glassner diz que a paranóia por segurança é  uma das causas da insegurança – e que a presença de armas na sociedade  agrava esse problema.
 Quem mata mais: bandido ou gente nervosa?
 A resposta para essa pergunta parece evidente. Mas até uma questão de  solução aparentemente tão óbvia tem duas vertentes na batalha das  armas. Como não há números confiáveis – basta dizer que só 8% dos  assassinatos são apurados no país –, sobram indícios para abastecer um e  outro lado do cabo-de-guerra. O bloco antiarmas garante que boa parte  dos crimes é "interpessoal". Ou seja, briga de família, pendenga de  vizinhos, bebedeira de fim de semana ou amores frustrados – homicídios  que poderiam ser evitados se o assassino não tivesse uma arma. Os  latrocínios, que justificariam a posse de armas por civis para a  autodefesa, seriam bem menos relevantes. Na média nacional, segundo o  Ministério da Justiça, representam só 5% do total de assassinatos.
 De acordo com os boletins de ocorrência de São Paulo, 15% dos  homicídios já chegam às delegacias com autoria conhecida, o que indica,  na opinião de pesquisadores de violência, que o assassino é alguém que  faz parte do rol de relações da vítima. "Se o Estatuto do Desarmamento  só tirasse os revólveres das mãos dos cidadãos de bem, como alegam os  contrários a ele, já estaríamos reduzindo muito a taxa de homicídios",  afirma o sociólogo Túlio Kahn, coordenador de pesquisas da SSP-SP.
 A tese de que pessoas são mortas por conhecidos não convence os  contrários à proibição das armas. Por "conhecidos", a turma pró-armas  entende uma categoria bastante ampla. Estariam incluídos nesse balaio  membros de gangues rivais que se "conhecem", por exemplo. Em tese de  mestrado na USP, o jornalista Bruno Manso apresenta um quadro que  confronta a teoria dos homicídios interpessoais ocorridos no calor das  emoções. Ele demonstra que 76% dos crimes que ocorrem na capital  paulista são planejados. Em seu trabalho, Bruno conclui: "A ligação dos  homicídios com o tráfico de drogas apareceu em 67% dos casos  analisados".
 O caso americano é bem diferente do brasileiro, mas lá pelo menos há  estatísticas mais confiáveis que aqui. O FBI estima que 18% dos crimes  nos Estados Unidos são cometidos por membros da família e 40% por  pessoas que conheciam as vítimas – acontece que lá, como aqui, um  "conhecido" pode ser tanto um colega de escola quanto o membro de uma  gangue rival. Apenas 13% dos homicídios americanos são cometidos por  desconhecidos.
 Leis antiarmas só atingem gente de bem?
 Em 2003, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, estado  dono de 14% do arsenal nacional, anunciou o resultado de um estudo que  busca entender a lógica do comércio ilegal. Após analisar dados de 77  527 pistolas e revólveres apreendidos pela polícia entre 1951 e 2003, a  SSP-RJ concluiu que 25 648 dessas armas foram legalmente registradas  antes de caírem nas mãos de criminosos e serem usadas em crimes. Nessa  parte da pesquisa, só foram analisadas armas nacionais. O mesmo estudo  derrubou outro mito: o de que bandidos usam metralhadoras e fuzis  importados. Do total de armas apreendidas, 74% eram brasileiras e 57%  tinham sido fabricadas pelas brasileiras Taurus e Rossi.
 Pesquisas como essa sustentam uma tese fundamental para os defensores  do desarmamento civil: a de que é o mercado legal de armas que abastece  o ilegal. "Existe um fluxo importante de armas das mãos de gente de bem  para as mãos de criminosos. São revólveres e pistolas vendidos,  perdidos ou roubados", afirma o sociólogo Ignacio Cano.
 É claro que Carlos Murgel, da Taurus, discorda. Segundo ele, os  criminosos se abastecem em três fontes. A primeira é mesmo o roubo ou a  compra de armas legalmente adquiridas por outras pessoas. Mas há outras  duas, igualmente importantes: o contrabando e a própria polícia.  "Controlar só uma das fontes, os cidadãos civis, jamais atacará o  problema em seu foco principal, dada a absoluta inépcia do governo em  acabar com o contrabando. Leis que eliminam o porte e a posse para  pessoas comuns têm apenas o efeito de mudar o equilíbrio relativo de  forças entre criminosos e o resto da população. A favor dos primeiros,  claro", diz Carlos.
 Nesta questão, assim como em todas as outras discutidas aqui, estamos  longe de um acordo. O que parece mais perto é o reconhecimento de toda a  sociedade de que há um problema grave que precisa ser encarado  urgentemente, de alguma forma. É pouco. Mas é alguma coisa.
 DE MACHO
 O número de homens que desejam possuir uma arma de fogo é o dobro do  número de mulheres, segundo pesquisa do Instituto Futuro Brasil
 VIETNÃ
 No ano passado, 40 mil pessoas foram assassinadas no país, segundo  dados de 2003 da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Para  comparação: nos seis anos da Guerra do Vietnã, morreram 56 mil soldados  americanos
 RECORDE
 Em números absolutos, o Brasil é o país onde mais se mata com armas  de fogo no mundo. Proporcionalmente à população, somos os terceiros  colocados – depois da Colômbia e da África do Sul
 10%
 Um a cada dez homicídios com armas de fogo ocorridos no mundo se dá no Brasil, segundo dados do governo canadense
 BESTEIRA
 Em São Paulo, cerca de 50% dos homicídios são cometidos por pessoas  sem histórico criminal e por motivos "fúteis" (segundo a SSP-SP). A  cidade detém 19% das armas do Brasil
 Canadá
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 1,8
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 35,0%
 Porcentagem de residências que possuem arma - 26,0%
 Armas semi-automáticas são proibidas. Interessados em comprar  revólveres têm que se submeter a investigação da Justiça por 28 dias e  provar necessidade 
 Estados Unidos
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 9,0
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 69,8%
 Porcentagem de residências que possuem arma - 41,0%
 Estima-se que um a cada quatro adultos americanos tenha arma e a  mortalidade por tiros nos EUA é muito maior que em qualquer outro país  rico
 Colômbia
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 70,9
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 76,1%
 Porcentagem de residências que possuem arma - Não há dados
 Possui uma legislação bastante restritiva. Mas, como o país vive uma  guerra civil, as leis não são respeitadas e o número de homicídios é  altíssimo
 Argentina
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 6,0
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 46,0%
 Porcentagem de residências que possuem arma - Não há dados
 A lei permite uso e porte para maiores de idade sem antecedentes  criminais, desde que o cidadão se submeta a testes – psicológico e  prático
 Reino Unido
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 1,4
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 9,1%
 Porcentagem de residências que possuem arma - 4,0%
 Desde 1996, armas são proibidas para civis – e a criminalidade caiu  com isso. Nem mesmo os policiais de rua andam armados – apenas o  esquadrão especial
 Brasil
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 29,2
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 88,4%
 Porcentagem de residências que possuem arma - Não há dados
 A nova lei proíbe o porte e eleva de 21 para 25 anos a idade mínima  para se comprar uma arma. Um referendo decidirá sobre a proibição do  comércio
 África do Sul
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 64,6
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 41,2%
 Porcentagem de residências que possuem arma - Não há dados
 A legislação sul-africana já foi mais frouxa, mas ainda está longe de  ser rígida: proíbe menores de possuir armas de fogo e limita em um  revólver para cada civil
 Suíça
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 5,31
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 43,0%
 Porcentagem de residências que possuem arma - Quase 100%
 Na pacata Suíça, o Exército é a população inteira. Todo homem recebe  treinamento militar de seis em seis meses. Por lei, todo mundo tem um  fuzil em casa
 Japão
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 0,6
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 4,5%
 Porcentagem de residências que possuem arma - 0,6%
 Tem uma legislação bastante dura. Os japoneses são proibidos de  portar armas, com exceção de policiais e membros de clubes de tiro  licenciados
 Austrália
 Homicídios a cada 100 mil habitantes - 0,4
 Porcentagem de homicídios usando arma de fogo - 23,0%
 Porcentagem de residências que possuem arma - 16,0%
 Para comprar uma arma, é preciso apresentar "razões válidas", como  ser membro de um clube de tiro. Autodefesa não é considerada "razão  válida"
 Pró-armas
 Ter um revólver afugenta bandidos
 Ladrões, assim como qualquer pessoa que faz um negócio, calculam riscos. Portanto, preferem atacar vítimas desarmadas
 Armas são instrumentos de legítima defesa
 A lei abre para o cidadão o direito de reagir para salvar a vida e a família. Então não pode proibir o instrumento de autodefesa
 É o crime organizado que causa os homicídios
 A história do amigo matando amigo não tem fundamento. Os crimes  violentos são causados pelo banditismo urbano e pelo crime organizado do  narcotráfico
 O contrabando e a polícia é Que abastecem os bandidos
 Bandido consegue armas em três fontes: contrabando, a própria polícia  e as mãos dos cidadãos. Controlar só uma das fontes não resolve o  problema
 A proibição pode gerar problemas econômicos graves
 A indústria alega que a proibição vai levar à falência a indústria  nacional de armas. As Forças Armadas passariam a depender da importação
 Antiarmas
 Revólveres em casa aumentam o risco
 Pesquisas mostram que pessoas que usam armas para se defender em assaltos têm 57% mais chances de morrer ou se ferir
 Armas movem a violência
 No Brasil, mais de 80% dos crimes são cometidos com armas de fogo. Já  que não é possível acabar com o crime, a saída é controlar as armas
 Muitos homicídios são crimes interpessoais
 Boa parte das mortes acontecem em brigas de família, pendengas de  vizinhos, discussões entre bêbados. Proíba as armas e essas mortes não  acontecerão
 Armas legais abastecem o mercado ilegal
 Criminosos compram ou roubam armas que foram compradas em lojas.  Proibindo a posse para cidadãos, atingem-se indiretamente os criminosos
 A indústria de armas não corre O risco de quebrar
 Mais de 70% da produção nacional se destina à exportação e 9% vão  para as Forças Armadas e polícias. Somente 17% são vendidos para civis
 Na livraria:
 More Guns, Less Crime - John R. Lott Jr, Chicago University Press, EUA, 1998
 Cultura do Medo - Barry Glassner, Francis, 2003
 Armas de Fogo, Cidadania e Banditismo - Luís Afonso dos Santos, Mercado Aberto, 1999
 Armas de Fogo - São Elas as Culpadas? - João Luís Vieira Teixeira, LTR, 2001
 Paraíso Armado - Aziz Filho e Francisco Alves Filho, Garçoni, 2003
 Small Arms Survey Yearbook 2003 - Oxford University Press, Reino Unido, 2003
 Desarme y Desarrollo - Raul Romeva Rueda, Intermón Oxfam, Espanha, 2000

 
 
 
 
 
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