Zelda 2 é o jogo mais diferentão da série: é o único sidescroller (na verdade os jogos de CDI também são, mas eles não existem), o único com REAIS  elementos de RPG e o único com cidades (os outros têm uma cidade grande e uma outra vila perdida ao redor), o que é explicado pelo "Grande Êxodo Rural de Hyrule" que ocorreu antes do jogo, segundo a timeline oficial que acabei de inventar.

Quem passeou pelas cidades de Zelda II se lembra das garotas de vestido vermelho que ficavam na frente das casas. Elas chamavam Link pra "entrar" e o "curavam". O que acontecia dentro da casa nunca era mostrado, mas de fato Link sempre saia revigorado e cheio de disposição. Nosso mundo era mais inocente na época, mas aí veio GTA, um outro jogo onde mulheres te "curam", e tudo ficou claro. E como sempre, também tinha uma velha acabada exercendo a profissão. Sabe como é, não tá fácil pra ninguém, ainda mais com esse lance de êxodo rural e tudo mais.

Aqui, Link tem como missão salvar as sete donzelas aprisionadas no Dark World, cada uma em um calabouço/templo/dungeon diferente. Em um deles você estranhamente encontra a donzela perdida sem nenhum chefe no caminho pra te impedir. A donzela te segue até uma sala iluminada e a luz faz com que ela revele sua verdadeira identidade: o chefão BLIND, THE THIEF (Cego, o ladrão), que tinha se disfarçado de dama indefesa!

Isso tudo é muito bacana, uma das sacadas mais fodas da série e tudo mais, mas fica a pergunta: que porra de plano era esse!? A fraqueza do cara é a luz e ele pede pro Link resgatá-lo e levá-lo para fora. Ele ia pedir pro Link esperar anoitecer? Com que desculpa? Câncer de pele? Lúpus? E se funcionasse e esperassem anoitecer? Ele ia dormir uma noite com o Link?

Que os fãs me desculpem, mas a premissa do jogo já não faz muito sentido. Link está preso em uma ilha aleatória e a única maneira de sair de lá é acordando o Windfish (uma baleia voadora). Para acordá-lo é necessário tocar uma musica mágica usando oito instrumentos igualmente mágicos que estão em oito templos mais mágicos ainda, lotados de monstros do Mario e um Kirby maligno perdido. Ninguém tem um barco na ilha pra emprestar? Não dá pra cortar meia dúzia de arvores e fazer uma jangada? Acho que aqui fica claro que o Link é meio masoquista e prefere se foder mesmo.

Mas realmente bizarro é o momento em que você percebe que dá pra dar um olé no dono da lojinha local e roubar alguma coisa no jogo. Você sai da loja todo faceiro, achando que burlou o sistema, mas logo descobre que TODOS na ilha já estão sabendo do que aconteceu e passam a te chamar de LADRÃO. Seu álbum (na versão DX) ganha uma bela foto do momento do crime (vide acima). Se você tentar voltar na lojinha, é recebido com um raio mortal do tiozinho que cuida dela. Ainda não se sabe de onde ele tirou esse raio, mas a Nintendo achou uma ótima maneira de traumatizar as crianças e ensinar que o crime não compensa.

O jogo mais famoso da série é também o jogo onde Link é mais popular com as mulheres. Ele é simplesmente o maior garanhão que já cavalgou pelas terras de Hyrule vestindo um gorrinho verde. Zelda, Malon, Saria e Ruto são exemplos de garotas (ou peixes) que flertaram com o narigudo. Nada de bizarro até aqui, já que todas elas também eram crianças no começo do jogo e cresceram ao mesmo tempo que ele (a Saria não, mas enfim).  A parada fica escrota mesmo quando aparece uma adulta dando em cima do Link ainda pequeno.

Entrando no Spirit Temple como criança, você conhece Nabooru, a vice-líder da raça Gerudo. Ela promete "algo especial" se você explorar o templo e encontrar o tesouro que ela procura. Nada demais até aí, mas quando você fala com ela sete anos depois, como Link adulto, e ela diz algo como "eu teria mantido aquela promessa se soubesse que você ficaria tão bonito assim". Será que aliciamento de menores também é crime em Hyrule? 

A coluna inteira poderia ser só sobre esse jogo, afinal, o tempo todo você tem uma Lua com uma expressão medonha ameaçando esmagar tudo e todos. Muitos que jogaram isso quando crianças não conseguem dormir em noites de lua cheia até hoje. Mas pra mim, essa não é a parte mais perturbadora do jogo. Não, também não é o Tingle, apesar de ser perturbador ver um tiozinho de meia idade achando que é uma fada.

Alguns devem se lembrar que um dos principais elementos do jogo era a "Song of Healing" (tã tã tããã tã tã tããã), música capaz de curar um espírito atormentado transformando-o em uma máscara. Como se isso já não fosse macabro o suficiente, lá pelas tantas um jovem músico Zora morre e acaba sendo transformado em máscara por você. Link assume a identidade do músico usando essa máscara e sai por aí falando com os amigos dele como se nada tivesse acontecido. Assim, de boa...

Vamos parar por um minuto e pensar nas implicações morais disso: o que vai acontecer com a banda do rapaz, que estava começando aí uma carreira promissora cheia de esperança? E se o falecido Zora fosse casado e tivesse filhos? E se os pais do rapaz encontrassem Link naquela forma? E se os Zoras tivessem um sistema político democrático e o Link fosse votar no lugar do cara? Meu Deus, e se a Song of Healing caísse nas mãos de um candidato a deputado?! Vale lembrar que Link também vira Goron e um daqueles bichos Deku, e nem por isso sai sacaneando ninguém dessas raças. Racismo agora, Link?

Na história de Wind Waker, um pássaro gigante brota do nada e começa a seqüestrar garotinhas, aprisionando-as na Forsaken Fortress, o covil dos monstros mais escrotos de Great Sea. Link invade a fortaleza para salvar sua irmã e por tabela acaba salvando as demais prisioneiras, incluindo uma garota que atende pelo nome de Maggie.

De volta à sua terra natal, Maggie pede para que Link a ajude entregando suas cartinhas românticas para o grande amor de sua vida: Moe, um moblin zoado de Forsaken Fortress. Como sempre pode ficar pior, o tal Moe responde dizendo que gosta dela e adoraria comê-la (!). A classificação indicativa do jogo só não mudou porque na verdade o monstrengo queria comer a Maggie literalmente, no jantar. Mas parece que ela não entendeu dessa forma, já que encarou a resposta como um pedido de casamento. Ou entendeu e tem um fetiche (ainda mais) bizarro.

Ainda bebê, após um sequestro que traumatizaria a maioria das crianças de sua idade, o jovem Malo mostra que não é bom apenas em fazer comentários sarcásticos, mas também é um ótimo empresário. Percebe uma oportunidade ao ver abandonada uma loja na Vila Kakariko, e começando ali sua empreitada no mundo dos negócios.

Com muito trabalho e a ajuda de Link numas side quests muito loucas, Malo abre até uma filial muito maior na capital, onde tudo é mais barato e todos os funcionários te atendem dançando ao som da cativante canção tema da rede Malo Mart - O Herói dos Descontos. Tornando-se assim o maior empresário de Hyrule e gerando muitos empregos (o que talvez tenha colaborado para o êxodo rural que aconteceu na timeline oficial que eu inventei no início do texto).

Essa é a Nintendo ensinando a criançada sobre empreendedorismo, desde cedo. Trabalhem duro, lutem pelos seus sonhos e não maltratem as galinhas!