Tecnologia faz Pequim voltar a ser capital mundial das bicicletas
Bicicletas elétricas crescem na preferência dos moradores de Pequim (Foto: Leopoldo Godoy/G1) |
O crescimento expressivo da economia chinesa nos últimos anos trouxe de
carona o aumento das vendas de automóveis no paÃs. Pequim chegou a ver
ameaçado seu tÃtulo de capital mundial das bicicletas, mas o surgimento
das bicicletas elétricas tem virado o jogo para o tradicional veÃculo de
duas rodas. Hoje, o mercado interno das chamadas e-bikes na China é duas vezes maior – em unidades vendidas – do que o mercado automotivo, um alÃvio para uma metrópole como a capital chinesa.
Mesmo com avenidas largas e planejadas, a cidade precisou enfrentar os
mesmos problemas de outras grandes metrópoles por conta da invasão dos
carros: congestionamentos constantes, mesmo fora dos horários de pico,
falta de estacionamento e aumento das mortes provocadas por acidentes e
atropelamentos. O governo local criou faixas exclusivas para usuários de
bicicleta, mas a medida vinha sendo apenas um paliativo, sem efeito
contra o crescimento do número de automotores, até o recente boom das
e-bikes.
Chuva não separa chineses de seu meio de transporte favorito (Foto: Leopoldo Godoy/G1) |
“Vendo pelo menos 50 bicicletas elétricas por semana, mesmo com a
concorrência de outras marcas mais baratas”, conta um representante de
uma revenda em Pequim especializada na marca americana Giant. Há um
número incontável de marcas diferentes destas bicicletas circulando no
paÃs asiático, feitas por pelo menos 2,8 mil fábricas autorizadas pelo
governo chinês. Os modelos mais comuns custam menos de 2 mil yuan, ou
cerca de R$ 550. E-bikes usadas saem por cerca de um terço deste valor.
Na China, só em 2010 foram vendidas mais de 21 milhões de bicicletas
elétricas, contra pouco mais de 9 milhões de veÃculos. A frota, segundo
estimativa recente, é de 120 milhões de e-bikes – há dez anos, segundo
estimativa oficial, eram pouco mais de 50 mil. É o gadget da moda,
disputando com o smartphone o desejo do consumidor chinês.
O aparelho, que utiliza baterias de lÃtio para impulsionar o eixo da
roda traseira e eliminar em boa parte do trajeto a necessidade de
pedalar, teve seu primeiro impulso à partir de um programa estabelecido
pelo governo chinês no inÃcio dos anos 90 para desenvolver meios de
transporte alternativos. Depois, em 2003, o surto da gripe asiática fez
com que os chineses tentassem escapar da lotação comum a meios de
transporte público, como ônibus e metrô.
Há ainda uma segunda força ajudando Pequim a seguir sobre duas rodas.
Os jovens, mais adeptos à influência cultural do ocidente, adotaram as
chamadas bicicletas de “roda fixa”, muito comuns entre os mensageiros e
entregadores de cidades como Nova York e Londres. Trata-se de um veÃculo
sem marchas e com o movimento do pedal diretamente atrelado ao da roda
traseira. Não é possÃvel, por exemplo, andar no “embalo”, sem pedalar.
Muitas destas bicicletas dispensam até o freio tradicional, já que o
ciclista pode parar simplesmente travando o pedal.
O centro local da cultura das “fixas” é a loja Natooke. Lá, os modelos
mais simples, de fabricação nacional, custam a partir de mil yuan, ou
cerca de R$ 275. É o suficiente para o transporte diário ou mesmo para
participar de um dos esportes preferidos dos jovens que andam com este
tipo de bicicleta, o “bike polo”, versão do polo sobre cavalos.
Em ruas movimentadas de Pequim, estacionamentos para bicicletas vivem lotados (Foto: Leopoldo Godoy/G1) |
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