"Duke Nukem Forever" é uma lenda. Desde a primeira vez que foi anunciado, em 1997, aconteceram inúmeros problemas na produção. O jogo passou na mão de várias produtoras e, evidentemente, teve vários direcionamentos durante o percurso. Apesar de ter um conceito concreto e válido, "Forever" acabou como uma colcha de retalhos que sequer justifica sua existência.

Duke é um protagonista importantíssimo para os videogames. Em uma época na qual os jogos de tiro em primeira pessoa se resumiam a armas flutuantes de personagens quase desconhecidos, Duke chocou com linhas de diálogos fortes e um humor ofensivo. Esse protagonista é a representação da puberdade da indústria. Só que, 15 anos depois, ele continua agindo como um adolescente em um contexto que não faz o menor sentido.

Como jogo de tiro, "Duke Nukem Forever" decepciona: é pouco inspirado, as fases são lineares demais e os combates abertos lembram exatamente as origens limitadas do gênero. Apesar de ser divertido matar aliens em sessões de tiroteios intensos, o game não segura a onda. Momentos a bordo de veículos são chatos e não cumprem com o objetivo de variar a jogabilidade. Tudo que acontece além dos tiroteios parece estar largado no meio do jogo. É como se fossem buracos na calçada preenchidos com ladrilhos de outras cores. E a combinação é péssima.

Os quebra-cabeças são totalmente limitados. Seguem padrões de jogos do início da década de 2000, como "Half-Life 2". As limitações de jogabilidade, aliás, parecem de algum título de segunda linha da década passada. Carregar apenas duas armas de uma vez? É sério? E isso é o que mais incomoda em "Forever": o tempo todo você tem a sensação que está jogando algo velho.

E essa mesma sensação acontece quando analisamos os cenários e a direção de arte - ou melhor, falta dela. "Forever" não segue nenhuma linha de design, é uma salada de idéias e temas. Quando Duke fica minúsculo, por exemplo, os ambientes parecem ser de um jogo completamente diferente. Não há coerência na continuidade visual e isso interfere muito na experiência. Visualmente, "Duke Nukem Forever" é desconexo.

E a única coisa que poderia salvar a diversão seria o protagonista, Duke. Aqui mora um dos temas mais polêmicos do jogo: qual o limite entre tentar ser engraçado e acabar sendo pateticamente vulgar? As piadas em "Duke Nukem Forever" são pesadas, sem escrúpulos e falam de etnias, sexo, religião e qualquer outro assunto proibido de se discutir até em uma mesa de bar. Claro, o personagem é assim. Se Duke não falasse e fizesse coisas desse tipo, não seria ele. Mas acho que faltou um cuidado na evolução da personalidade do protagonista para adaptá-lo melhor aos tempos atuais.

Pode ser duro, mas "Duke Nukem Forever" deveria ter ficado apenas como uma lenda e jamais ver a luz do dia. As boas lembranças de "Duke Nukem 3D" acabaram manchadas pelo desastroso retorno da série, que continua sendo uma piada; só que dessa vez de mau gosto.

DUKE NUKEM FOREVER

Plataformas: X360/PS3/PC

Desenvolvedora: 3D Realms

Editora: 2K Games

Gênero: Ação

Lançamento: 14/6/2011

Sinopse: Cerca de 12 anos após os eventos de Duke Nukem 3D, o anti-herói volta à ação lutando contra alienígenas, com sue jeito canalha de sempre

Melhor: Ele existe!

Pior: Esperamos esse tempo todo para um jogo totalmente dispensável

Nota: 4,0